sábado, 22 de agosto de 2009

A hora certa de pensar

Não entendi o sentido daquele telefonema. Um grande problema à vista? Mais um para eu me preocupar? Não quero pensar nisso agora.

Preciso correr. Faz tempo que não corro.

Começo pela Rua do lado.

Gosto dela, aqui o movimento é intenso, os carros buzinam, as pessoas estão em busca de algo, sempre indo para algum lugar. Ninguém olha pra você, pensativas como eu, preocupadas, estão bem distantes. Ela é igual a todas as outras, até por isso, gosto dela. Amanhã não sei, mas hoje gosto dela.

Avisto a Praça.

Dói de olhar. Algumas belezas são desperdiçadas. Como a mulher que dorme ao chão protegida pelo banco. Não duvido que um dia ela tenha sido bonita. Assim como a Praça. Hoje nem a Praça nem a mulher são mais bonitas. Dói de olhar.

Ali está o Parque.

Darei uma volta. Só uma. Não quero contato.
Tenho respeito por ele. Está sempre lá. Nunca sai do lugar e sempre consigo entrar. Dias tristes, dias felizes, dias intensos, dias românticos, dias de ira. Ele me respeita. Por isso volto sempre pra vê-lo. Mas hoje, não quero contato com ninguém. Só com o parque pois ele me conhece e sabe que só vou dar uma volta. E não preciso falar nada, não preciso ser educado. Corro e saio.

O Cemitério.

Esse cemitério não tem portas. Ou melhor, tem, mas fica do outro lado do quarteirão e pra lá eu não gosto de correr. Ele pode ser silencioso, mas transborda angústias. O cemitério é maduro, porém intempestivo. Não quero entrar nele. Pelo menos não agora.

A Ladeira.

Tenho um prazer mórbido em subi-la. Sempre me provoca e sempre sai frustrada. Parece que não aprende. Sabe aquela pessoa que insiste em te convencer sobre algo impossível? Pois é, vc faz de propósito e já nem liga se ela vai achar ruim ou não. Subo com prazer!

Em Casa.

É bom chegar. Um banho, uma roupa nova, um alimento, um afago, um sofá, uma música, um suspiro, um pensamento.

Pego o telefone. Já posso pensar.

Um comentário:

  1. Oi Paulo !

    Parabens pelo texto.

    É poetico e realista ao mesmo tempo.
    Quantos de nós já deixaram de dar atenção para um telefonema quando já estamos prontos para sair de casa para correr nessa nossa louca cidade.

    Acredito que devemos seguir nossos instintos.

    Abraços !

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