quarta-feira, 20 de maio de 2009

2º Desafio Castelhanos Topo & Praia - Ilha Bela

No dia 16 de maio de 2009 tive o prazer de participar da segunda edição do Desafio Castelhanos Topo & Praia da Corpore em Ilha Bela, litoral de São Paulo. Trata-se de uma Ultramaratona com percurso total de 44 km em terreno acidentado de terra cortando a mata e com grande variação de altimetria, ou seja, subidas e descidas pra ninguém botar defeito.


- Pré-Prova

Foi minha estréia em Ultramaratonas e penso que pelas circunstâncias eu até que me saí bem. Digo isso porque na semana que antecedeu a corrida muitos obstáculos ocorreram prejudicando a minha performance. Pra quem acredita em Lei de Murphy, depois de praticamente 4 meses treinando para esta corrida, sofri uma fisgada na panturrilha direita 3 dias antes! Claro, fiquei sem treinar nesse período tratando a lesão, mas mesmo com dores, resolvi encarar o desafio. Afora isso, meu pai adoeceu horas antes da minha viagem e tive que levá-lo para o hospital onde fiquei até o momento em que tive a certeza que ele estava bem e em companhia de outros familiares já de noite.

Assim parti em viagem para a Ilha onde cheguei por volta da meia-noite. Fiz meu check-in no hotel, fui para o quarto, separei o uniforme, tênis, géis de carboidrato, garrafinha, repelente, etc. Coloquei o relógio para despertar para às 5 horas da manhã e tentei descansar um pouco para a prova que iria começar em poucas horas.


- A Prova

Ainda estava escuro quando cheguei na área de largada e lá encontrei o Roberto Ken, antigo companheiro de equipe, assim como a Tomiko, Marina e Hedy que chegaram logo após e minutos antes da largada. Houve tempo para uma pequena confraternização com alguns novos amigos, Enio e Carlos Hideaki até ser dada a largada.

Partimos! Algumas centenas de metros e já nos vimos subindo em direção à Praia de Castelhanos. O Desafio consistia basicamente em atravessar a Ilha, partindo do nível do mar e subindo cerca de 10 km ininterruptos até o topo da montanha (650 metros de desnível) para após descer mais 10 km até chegar a um PC na praia. Depois, os atletas deveriam trilhar o caminho inverso retornando ao ponto inicial e seguindo mais 4 km até a chegada na escola de vela BL3, local onde a Corpore montou suas tendas para abrigar o Desafio e o evento paralelo, o Revezamento Terra & Mar em equipes.

A primeira subida foi relativamente tranqüila, embora já no terceiro km eu tivesse começado a sentir minha querida panturrilha. Procurei me poupar, diminuindo o ritmo e estudando cada passo para evitar agravar minha lesão. Tarefa bastante complicada pois o terreno era extremamente acidentado, além do que a chegada de uma frente fria no dia anterior, trouxe chuvas fortes que tornaram alguns trechos do percurso um verdadeiro lamaçal. Assim, os 40 km de percurso foram muito tensos, pois a minha preocupação era não me machucar em meio aos buracos, pedras soltas e o mar de lama em alguns pontos do trajeto.

Chegando ao topo da montanha, foi possível um leve descanso para abastecimento com frutas, água gelada e isotônico. Já em meio ao percurso de descida à praia, deu para notar o nível de inclinação que me esperava na volta. Não iria ser fácil. Não demorou muito e cruzei com o líder da prova, o Márcio Batista que subia de forma impressionante aquelas pirambeiras. Dei um alô de incentivo a ele, o que me foi prontamente retribuído. Até então eu não o conhecia, mas ao final da prova, fomos almoçar juntos e descobri que ele vencera a Ultramaratona de 100km de Cubatão. Continuando a minha descida, cruzei longos minutos depois com o Evaldo, o segundo colocado até então, que havia sido campeão na primeira edição do Desafio. Ele passou reclamando que estava com câimbras.

Chegando à praia de Castelhanos, há que se abrir um parêntesis para comentar a beleza do local: um verdadeiro paraíso. O cansaço fica em segundo plano quando se avista aquele azul do mar que se confunde com o do céu, os quais contrastam com a areia clara e fofa da praia. Mais à frente avistei um vilarejo onde se localizava o PC da Corpore e onde voltei a me abastecer e descansar. Lá requisitei um spray de gelol para passar na minha panturrilha. Ofereceram-me frutas, biscoitos, água e isotônico que foram devidamente devorados em alguns segundos. Minha vontade era ficar, curtir aquela praia maravilhosa, porém, logo caí na real e segui o trajeto de volta. Agora sim o bicho iria pegar.

Havia um rio a ser atravessado e a organização disponibilizou um posto de troca de tênis para quem tivesse entregado um par reserva dias antes na sede da Corpore. Foi o que fiz. A idéia era correr com os pés secos para evitar bolhas, porém minha estratégia não se mostrou tão eficiente vez que alguns quilômetros depois os tênis novos já estavam cheios de barro e encharcados. A sorte foi que mesmo com os pés molhados, não tive uma bolha sequer.

A subida de volta realmente se mostrou difícil, mas procurei seguir conselhos dos amigos ultramaratonistas, correndo onde era pra correr e andando onde era pra andar. Assim, sem pudor algum, ao longo dos 10 km seguintes, andei nas subidas mais íngremes mantendo um passo firme e constante até o topo. Chegando lá, mais uma parada para reabastecimento, algumas fotos e, naturalmente as descidas!

Ah, as decidas! Dizem que aí, todo santo ajuda, mas não é bem assim, é um momento delicado, tenso e desgastante, pois exige-se além do preparo muscular para suportar o forte impacto, a concentração e reflexos para não se pisar em falso, comprometendo toda a corrida.

Mas deu tudo certo e, chegando ao plano, cruzei pelo posto de revezamento dos atletas do outro evento. Foi muito emocionante pois para muitos daqueles atletas do revezamento, era impensável entrar numa corrida para correr 44 km, então, o aplauso partia como incentivo e admiração. Dali para frente, fui acompanhado por um batedor de moto. Fomos conversando até praticamente a praia do Perequê onde aconteceria a chegada. Mas não fiquei muito tempo sozinho, pois nesses últimos quilômetros, fui acompanhado por carros de equipes de revezamento que apoiavam seus atletas que imprimiam o mesmo ritmo: mais incentivos e aplausos!

Quando me aproximei do pórtico de chegada, anunciaram meu nome no microfone e muitos amigos já me aguardavam na chegada para me receber. Aumentei um pouco mais a velocidade e pisei felicíssimo da vida no tapete de chegada com o tempo de 5h37m12s! Muita emoção, aplausos e abraços! Missão cumprida!!!


- Pós-Prova

Conheci a Paulinha, menina fantástica que tirou várias fotos e me mostrou lindas praias em Ilha Bela. Fomos almoçar num restaurante local. Conheci o Márcio Batista de Oliveira, o vencedor da prova e seu treinador, o Silvio, ambos da cidade de Santos.

O Márcio concluiu a prova em 3 horas e 21 minutos e me contou vários detalhes da sua prova: disse que em nenhum momento andou no percurso e que se não tivesse chovido, seu tempo teria sido melhor. Torço muito por ele, pois trata-se de um cara humilde e com planos muito ambiciosos para o futuro. Como disse a Paulinha, um abençoado.

Deixo aqui meus agradecimentos, à Paula pelo carinho e hospitalidade, à Marina e Tomiko pelas dicas e incentivos, aos meus amigos incansáveis de treinos, loucos por corrida, à E.C. Tavares, em especial, à Maria Gomes, Nádia, Alexandre Aoki, Luiz Dias, e à Adesilde e ao prof. Tavares que sempre estiveram me preparando, incentivando e torcendo por mim neste desafio.

Agora sim posso dizer que também sou um Ultramaratonista!!!