Não entendi o sentido daquele telefonema. Um grande problema à vista? Mais um para eu me preocupar? Não quero pensar nisso agora.
Preciso correr. Faz tempo que não corro.
Começo pela Rua do lado.
Gosto dela, aqui o movimento é intenso, os carros buzinam, as pessoas estão em busca de algo, sempre indo para algum lugar. Ninguém olha pra você, pensativas como eu, preocupadas, estão bem distantes. Ela é igual a todas as outras, até por isso, gosto dela. Amanhã não sei, mas hoje gosto dela.
Avisto a Praça.
Dói de olhar. Algumas belezas são desperdiçadas. Como a mulher que dorme ao chão protegida pelo banco. Não duvido que um dia ela tenha sido bonita. Assim como a Praça. Hoje nem a Praça nem a mulher são mais bonitas. Dói de olhar.
Ali está o Parque.
Darei uma volta. Só uma. Não quero contato.
Tenho respeito por ele. Está sempre lá. Nunca sai do lugar e sempre consigo entrar. Dias tristes, dias felizes, dias intensos, dias românticos, dias de ira. Ele me respeita. Por isso volto sempre pra vê-lo. Mas hoje, não quero contato com ninguém. Só com o parque pois ele me conhece e sabe que só vou dar uma volta. E não preciso falar nada, não preciso ser educado. Corro e saio.
O Cemitério.
Esse cemitério não tem portas. Ou melhor, tem, mas fica do outro lado do quarteirão e pra lá eu não gosto de correr. Ele pode ser silencioso, mas transborda angústias. O cemitério é maduro, porém intempestivo. Não quero entrar nele. Pelo menos não agora.
A Ladeira.
Tenho um prazer mórbido em subi-la. Sempre me provoca e sempre sai frustrada. Parece que não aprende. Sabe aquela pessoa que insiste em te convencer sobre algo impossível? Pois é, vc faz de propósito e já nem liga se ela vai achar ruim ou não. Subo com prazer!
Em Casa.
É bom chegar. Um banho, uma roupa nova, um alimento, um afago, um sofá, uma música, um suspiro, um pensamento.
Pego o telefone. Já posso pensar.
sábado, 22 de agosto de 2009
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Redemoinhos
E quando você tenta...
Atender mas é desprezado?
Acudir mas é empurrado?
Argumentar mas é rechaçado?
Esperar mas é ignorado?
Fugir mas é tragado?
Nietzsche responderia por mim:
"Onde quer que você esteja, cave profundamente,
Lá embaixo fica a fonte.
Deixe os homens sombrios gritar:
Lá embaixo fica sempre o inferno."
Atender mas é desprezado?
Acudir mas é empurrado?
Argumentar mas é rechaçado?
Esperar mas é ignorado?
Fugir mas é tragado?
Nietzsche responderia por mim:
"Onde quer que você esteja, cave profundamente,
Lá embaixo fica a fonte.
Deixe os homens sombrios gritar:
Lá embaixo fica sempre o inferno."
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